Esta série de editoriais contempla temas apontados como prioridade para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul por entidades da indústria, do comércio, do agronegócio e pelas bancadas estadual e federal de deputados em reuniões com o Conselho Editorial do Grupo RBS. Os temas abordados são:
• Fundo constitucional do Sul
• Formação profissional e recuperação da Educação Básica
• Falta de mão de obra e impacto de benefícios sociais
• Inovação e expansão de centros de tecnologia
• Infraestrutura logística e contenção de cheias
• Valorização e consumo dos produtos gaúchos
• Relevância do agronegócio
• Bancada federal no Congresso
Talvez não exista segmento da economia gaúcha mais desafiado nos últimos anos do que o agronegócio. A nova adversidade é o foco de gripe aviária de Montenegro, um duro golpe no principal setor exportador de proteína animal do Estado. O Rio Grande do Sul é o terceiro maior produtor e vendedor externo do setor no Brasil e sofrerá com a interrupção dos embarques. Não há alternativa a não ser um trabalho tenaz e transparente para evitar que o vírus se espalhe, debelar o foco e cumprir todos os protocolos sanitários até o episódio ser considerado encerrado. É o que levará à reabertura dos mercados o mais rápido possível, junto às negociações diplomáticas com os principais clientes.
Desempenho da economia gaúcha é vinculado à performance do campo e dos negócios ligados à produção primária
O desempenho da economia gaúcha é umbilicalmente vinculado à performance do campo e dos negócios ligados à produção primária. Considerando-se só as atividades da porteira para dentro das propriedades, a agropecuária contribuiu com 14,9% do Valor Bruto Adicionado (VAB) do Estado em 2021, dado mais recente citado no estudo do Agronegócio do Rio Grande do Sul de 2024, do Departamento de Economia e Estatística do Estado. O VAB é um dos principais componentes do PIB. Diferentes projeções indicam que, quando são somados setores de insumos, serviços e indústria vinculados à agricultura e à pecuária, o agronegócio como um todo chega a uma participação muito maior na geração de riquezas. Para a Federação da Agricultura do Estado, seria em torno de 40%.
Os números mostram que é inescapável para o Estado ter entre as prioridades a busca por soluções para as atribulações do campo. Uma das principais frentes para minimizar os prejuízos das estiagens recorrentes é avançar na irrigação. Ainda há demasiada burocracia para a preservação de água e gargalos como a indisponibilidade de energia. O tema se arrasta há décadas, com muitas promessas e poucos progressos práticos.
A sequência inaudita de verões com déficit hídrico nesta década causou um problema que também aguarda uma saída. Trata-se do grande endividamento dos agricultores. Sem a receita esperada pelas colheitas frustradas, acumularam débitos impagáveis. Não há alternativa fora de uma pressão política, em Brasília, que leve a uma renegociação dos débitos em condições especiais.
Um olhar para o ado mostra uma profusão de crises. A febre aftosa atrasou a pecuária de corte e a suinocultura. Hoje o RS tem o status privilegiado de livre da doença sem vacinação. O arroz atravessou anos de preços deprimidos. A pecuária leiteira viveu problemas semelhantes. Percalços à parte, o agronegócio segue como um esteio da economia do Estado. Os homens e mulheres do campo, trabalhadores de sol a sol, pouco importa o tamanho da propriedade onde labutam, são otimistas incorrigíveis. Acostumaram-se a não se resignar diante das provações do clima e dos mercados. Merecem maior dedicação a suas causas nos gabinetes.