Esta série de editoriais contempla temas apontados como prioridade para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul por entidades da indústria, do comércio, do agronegócio e pelas bancadas estadual e federal de deputados em reuniões com o Conselho Editorial do Grupo RBS. Os temas abordados são:
• Fundo constitucional do Sul
• Formação profissional e recuperação da Educação Básica
• Falta de mão de obra e impacto de benefícios sociais
• Inovação e expansão de centros de tecnologia
• Infraestrutura logística e contenção de cheias
• Valorização e consumo dos produtos gaúchos
• Relevância do agronegócio
• Bancada federal no Congresso
A corrida global pelo crescimento econômico a hoje em boa medida pela competição em torno da capacidade de produzir inovação e novas tecnologias. A concorrência pela supremacia na área de inteligência artificial (IA), pela disrupção que já traz e ainda promete, é agora a face mais chamativa dessa disputa. Mas, em qualquer segmento de negócios, dos mais tradicionais aos emergentes, estar na vanguarda e desbravar fronteiras do conhecimento torna-se a diferença entre liderar ou ser retardatário na maratona do desenvolvimento. É uma realidade que serve para empresas, países ou entes subnacionais.
O robustecimento de todo o ecossistema teria ainda o efeito de estancar a evasão de cérebros do Rio Grande do Sul
Não é diferente com o Rio Grande do Sul. A recuperação do dinamismo da economia gaúcha é indissociável da consolidação de um ambiente favorável à inovação, do incentivo a startups e da expansão de centros e parques tecnológicos. De forma descentralizada, inclusive, semeando polos, estruturas e empreendimentos ligados a esse ecossistema também no Interior.
O panorama local – precisa ser reconhecido – contém elementos que permitem otimismo. O RS tem um dos maiores números de startups do país. Nas agrotechs, é vice-líder nacional. Aqui existem parques tecnológicos ligados a universidades de reconhecida excelência, que tanto atraem investimentos quanto funcionam como nascedouro de negócios. A academia, da mesma maneira, forma mão de obra qualificada. Empresas, universidades e poder público têm se reunido em torno de iniciativas comuns com o propósito de criar hubs de inovação, empreendedorismo e capacitação de capital humano. No ranking de competitividade dos Estados, elaborado pelo Centro de Liderança Pública (CLP), o RS aparece em primeiro no quesito inovação. O South Summit ampliou a visibilidade do Estado e da Capital.
Mas as necessidades são maiores e persistem desafios relevantes para alcançar o potencial existente. Pode parecer repetitivo, mas a inovação é sinônimo de educação de qualidade, área em que o Estado ainda deixa a desejar, com desempenho abaixo da crítica em matérias essenciais como matemática. Ainda que programas governamentais e editais sejam anunciados, é preciso que apresentem resultados palpáveis. Deve-se também consolidar um ambiente amigável e desburocratizado para incentivar o nascimento de empreendimentos e a atração de companhias ligadas a tecnologias de todos os portes. Convém ainda aperfeiçoar incentivos para, dentro das empresas, existir maior encorajamento para que se invista na busca por novas soluções, produtos e processos. O robustecimento de todo o ecossistema teria ainda o efeito de estancar a evasão de cérebros.
Inovar e produzir pesquisa de base e ciência aplicável ao dia a dia é uma oportunidade para estruturar outro pilar econômico diante da necessidade de diversificar as fontes de geração de riqueza no Estado e, ao mesmo tempo, uma forma de tornar os setores tradicionais mais competitivos. A suscetibilidade do RS às consequências do aquecimento global amplia a obrigação de conceber novas fórmulas de adaptação e mitigação de secas e enchentes.