
Até onde se deve ir em busca de um sonho? Para as líderes sociais Janaína dos Santos, Alessandra Villarreal, Andressa Minharro Moreira, Ivonete Barbosa e Maria Luísa Rodrigues, a resposta é clara: vale apostar tudo, até o que se tem e o que ainda não se conquistou. Juntas, elas representam cinco projetos sem fins lucrativos nas comunidades da Restinga, Salomé, Tijuca, Coronel Aparício Borges e Santa Tereza e, desde o ano ado, queriam participar da Gramado Summit. Não para vender produtos ou atrair investidores para uma startup, mas para dar visibilidade às instituições que lideram e reforçar a importância do investimento no terceiro setor.
Juntos, os cinco projetos que elas representam atendem mais de mil pessoas direta e indiretamente. Desde atendimento à primeira infância, incentivo ao esporte e à arte até atendimento psicológico e amparo social a mães solo e mulheres vítimas de violência física e psicológica.
— São mulheres guerreiras que, muitas vezes, trabalham para empreendedores que estão aqui no evento buscando investimento e inovação. Essas mulheres não têm quem as represente. Nós estamos na linha de frente para dar visibilidade a essas comunidades — ressalta Janaína.
Através de iniciativas de inclusão e comunicação do evento, diversos ingressos pra edição deste ano da Gramado Summit foram distribuídos para instituições sem fins lucrativos. O grupo das gurias pediu e levou, mas como arcar com o resto dos custos? Hospedagem, transporte, alimentação: tudo isso totalizou cerca de R$ 4 mil, que as cinco não tinham condições de pagar, mas tinham vontade e criatividade pra resolver.
— A gente tinha que vir, e a gente veio. Dividimos o quarto de hotel mais barato que achamos, trouxemos uma air fryer pra cozinhar o que der e comer no quarto e amos o primeiro dia do evento na base das balas e bebidas que estão dispostas de graça nos stands. A gente ou perrengue, parcelamos, fizemos vaquinha e rifa, nem sabemos ainda como vamos pagar, mas a gente acredita nos nossos sonhos e no resultado que podemos levar daqui de volta pra casa — conta Ivonete.
— Se valeu a pena? Muito. A quantidade de contatos que estamos fazendo, quantas pessoas importantes estão vendo nosso trabalho, nossas comunidades e se conectando com isso. É real! Essas pessoas estão lá, trabalham, transformam a sociedade e podem mudar o futuro, e a gente tá aqui mostrando isso e buscando apoio e investimento nessas pessoas, nos nossos projetos. Vale sempre acreditar no teu sonho — descreve Andressa.
A história (e o perrengue) delas chegou no CEO do evento, Marcus Rossi. Através de contatos e apoiadores, ele conseguiu transporte particular, hotel e alimentação para o grupo todo, além de arcar com o custo que elas tiveram pra vir.
De volta à Região Metropolitana, as cinco líderes prometem transformar cada novo contato e cada proposta de parceria em benefícios concretos para as famílias que atendem. Para Janaína, o principal legado da viagem é a oportunidade de ser a voz de quem vive na periferia:
— Quero que as pessoas acreditem nos projetos sociais. Que digam: eu confio na Janaína, no projeto do bairro Santa Tereza. Porque estão vendo a diferença que faz na vida dos jovens e das famílias, no futuro da comunidade.
Ivonete reforça a ideia de que, sem apoio, muitos talentos locais jamais teriam espaço:
— Nossa sociedade, especialmente grandes empresários e líderes políticos, precisa olhar para o terceiro setor. As pessoas da periferia são trabalhadores, atendentes, estudantes e podem ser líderes do futuro. Estamos aqui para dar voz a elas e mostrar que pertencem a esse espaço de transformação.