Entre 2010 e 2016, casos de sífilis congênita praticamente triplicaram no País. Há sete anos, 6.946 infecções foram contabilizadas e a projeção para este ano é de 17.818 casos. Se confirmado, o número ainda vai ser maior do que o registrado em 2014, que teve 16.278 registros.
— Por enquanto não falamos em queda de casos, mas em redução no ritmo do avanço — disse Adele.
A sífilis congênita é uma doença grave e que pode ser evitada com o tratamento da gestante logo no início da gravidez. Justamente por isso, os dados são considerados importantes não apenas para verificar as tendências da doença, mas para se avaliar a qualidade das ações de diagnóstico precoce e prevenção.
Adele atribui os altos índices de detecção da sífilis nos segundo e terceiro trimestres da gestação a dois fatores: o ingresso tardio da gestante no pré-natal e ainda a necessidade da melhoria do sistema de detecção. Ela observa, no entanto, que a situação já foi pior. Dados divulgados no ano ado indicavam que 50% dos casos de sífilis em gestante eram detectados no terceiro trimestre de gestação, quando as chances de proteger o bebê são bem menores do que no primeiro trimestre.
Adele atribuiu o avanço da sífilis a uma conjunção de fatores. Um dos principais foi a falta - entre 2014 e 2016 - de um medicamento para combater a doença durante a gestação, que é aplicado de forma injetável. Ela citou ainda a redução do uso de preservativos entre a população brasileira e até mesmo regras mais rígidas nas farmácias para a venda de antibióticos.
— É uma medida necessária, não estou criticando, pois o uso de antibióticos de forma indiscriminada pode levar à resistência.
Ela pondera contudo que, com o uso de medicamento, ainda que de forma incorreta, a população que não sabia estar com sífilis acabava sendo tratada, mesmo sem saber.