“Afinal, quantos sonhos você já sonhou?”
Pensava sobre a premissa do novo livro de Chimamanda Ngozi Adichie quando fui atravessada pela notícia da morte da pesquisadora e integrante da Academia Brasileira de Letras Heloísa Teixeira, na sexta-feira (28). Percebi que, de alguma maneira, esse entrelaçamento parecia bem mais do que uma coincidência.
Em A Contagem dos Sonhos, romance lançado neste mês e já incensado, a escritora nigeriana narra a existência de quatro mulheres, de diferentes idades, vivências e classes sociais, interligadas por laços de afeto. A obra versa sobre escolhas que fazemos ou deixamos de fazer, discute relacionamentos diversos e busca entender o coração humano. O que pegou, para mim, foi a busca pela felicidade, porque isso é uma constante na vida de todo mundo. Só conheci uma criaturinha que versava não ter vocação para ser feliz — mas isso foi há tempos, porque agora declara estar felicíssimo. Sou uma lírica e, apesar de todas as desconfianças, suspeito que tal felicidade exista.
Ouvi, dia desses, em um podcast que não lembro o nome, uma conversa sobre esse imperativo para ser feliz, que vem desde cedo. Uma mãe dizia “meus filhos podem fazer o que quiserem, as escolhas que desejarem, desde que sejam felizes”. E cadê essa fórmula? Não é mais fácil escolher ser professora, astronauta, bombeiro, bailarina, piloto de avião, engenheira? Como faz para ser feliz">Quatro linhas