Budista, ecumênica e devota de Nossa Senhora de Fátima, Claudia Raia nunca esteve tão cheia de Deus como agora. Ela explica: no latim, entusiasmo ou "enthousiasmos" significa "ter um deus dentro de si" e é assim que se sente, aos 56 anos, repleta de energias superiores que há oito meses lhe concederam um pequeno milagre, do tamanho de um bebê.
— Todos de mãos dadas e me deram essa luz, esse menininho que é a coisa mais querida. Nunca me senti assim tão plena, preenchida e entusiasmada — afirma.
Após tratamentos hormonais e tentativas sem sucesso de engravidar com o auxílio de fertilização in vitro – de óvulos que havia congelado aos 48 anos –, Claudia e o marido, Jarbas Homem de Mello, foram surpreendidos com a concepção natural de Luca. O pequeno foi recebido na família e apadrinhado pelos dois filhos do casamento anterior da atriz, Enzo Celulari, 26 anos, e Sophia Raia Celulari, 20.
É o recém-chegado quem está alimentando a mãe de inspiração para retomar o trabalho após o parto. Direto da sua casa em São Paulo, Claudia conversou ao telefone com Donna um dia antes do retorno à tela da TV, onde não aparecia desde 2019, com Verão 90. A volta é com uma participação de 10 capítulos na novela de Walcyr Carrasco, Terra e Paixão, onde interpreta a golpista Emengarda, mãe do também enganador Luigi (Rainer Cadete).
No papo, ela também confessa um saldo inesperado da gestação, quase uma nova missão pessoal: a de encorajar as mulheres a não entenderem a maturidade como sinônimo de finitude, e sim como possibilidade de mais vida.
— A questão não é sobre ter ou não filhos, e sim encorajá-las a terem sonhos e planos a longo prazo, porque vamos amadurecendo e pensando que não vai dar tempo, quando na verdade este segundo ato da vida é o mais brilhante, onde se colhe o que plantou. É um momento em que a mulher está potente, forte e energética, só que o machismo estrutural nos faz pensar o oposto disso — destaca.
O período também é de paixão com o corpo, o que inclui paciência para voltar à forma física forte que tem sustentado a carreira de quase 40 anos como bailarina e atriz, na TV e no teatro musical. O puerpério, o futuro da carreira e as peculiaridades da maternidade na maturidade são alguns dos temas que a artista detalha a seguir:
Como será a sua participação em Terra e Paixão?
Ela é um furacão chamado Emengarda, que entra para movimentar toda a história, se mete na vida de todos e causa grandes estragos. Ela é muito divertida, de quinta categoria, uma ladra muito pior do que o filho, Luigi. Foram 15 dias de gravação ininterruptos, porque é uma participação bem grande, mas foi uma delícia essa volta rápida e intensa.
É seu primeiro trabalho desde o bebê. Quais foram os desafios do retorno?
Você ainda está com o cordão umbilical muito preso, então a primeira vez em que fiquei longe não foi fácil, sentia muita falta. Na segunda semana de gravação, Jarbas o levou para ficar três dias comigo. Ao mesmo tempo, estava com muita saudade da minha casa, que é a TV Globo, dos meus colegas e amigos. Foi muito importante a retomada do trabalho já que, duas semanas depois, comecei as leituras do meu próximo musical, Tarsila, a Brasileira, sobre a vida e obra de Tarsila do Amaral.
Como foi o processo da sua gravidez?
Era uma vontade nossa, mas o nosso casamento nunca dependeu de filho. Eu já tinha dois, Jarbas é um ótimo padrasto e tudo caminhava muito bem, mas havia uma vontade mútua. Aos 48 anos, eu tirei os óvulos que, surpreendentemente, ainda tinha e os congelei. Em determinado momento, a gente falou “bom, tem um limite para esperarmos”.
Na verdade, esperei tanto tempo porque queria me investigar se realmente queria ter filho por minha causa ou pelo Jarbas. E isso é muito importante porque ter filho não é uma coisa fácil, é um perrengue. Se você quer muito, já é difícil, mas se quer mais ou menos, é impossível. Então, queria ter certeza de que era um desejo meu, principalmente.
Quando chegamos a essa conclusão, decidimos fazer a inseminação. Comecei o ciclo de hormônios, com três semanas de estrogênio e cinco dias de progesterona. Nesses últimos cinco dias, espermatozoide e óvulo se juntam e fazem o embrião para inseminação. Eu tinha congelado seis óvulos, mas nenhum dos embriões se desenvolveu do jeito que os médicos esperavam.
Como recebeu a notícia sobre os embriões?
Eu tive uma conversa seríssima com Deus de que não ia desafiar o destino. Eu iria tentar uma única vez e que, se fosse para a minha felicidade, que viesse. E que se não fosse, que iria entender. Então, quando aconteceu, olhei para cima e falei “ok, entendi” e segui a minha vida. Pensei também em adotar um neném, mais para frente, se tivéssemos ainda com muita vontade de ter um filho.
E como veio o Luca">Disputa pela coroa