
O escritor Fabrício Carpinejar e a autora e apresentadora Elisama Santos conversavam no palco instalado no Salão Nobre da Catedral Metropolitana, dentro da programação do Festival Fronteiras, nesta sexta-feira (30).
Enquanto a dupla desenrolava assuntos densos, abordando temas como escuta ativa, inteligência emocional e cuidado nas relações, estava, ao lado do palco, Stefan von der Heyde, 37, fazendo a facilitação gráfica do diálogo.
Mas o que é isso? Em um grande quadro branco, o designer desenhava os protagonistas da conversa e as suas principais ideias, criando uma nuvem de informações, de maneira simplificada.
Durante uma hora de palestra, Stefan cria uma obra de arte única, trazendo para a tela o cerne do que foi dito no palco, mesclando letras, formatos e desenhos:
— Essa facilitação gráfica que eu faço consiste em pegar temas complexos, temas narrativos que não têm necessariamente uma ordem, e fazer uma síntese visual. A ideia é fazer com que as pessoas consigam, olhando rapidamente, pegar o que foi dito e lembrar um pouquinho sobre o que foi discutido. E eu tento não botar a minha fala, só que é muito a minha interpretação sobre o que eles estão falando.
Mesmo com este talento, aliado ao esmero com as canetas e um raciocínio rápido, Stefan não se enxerga como artista — apesar de compreender que a sua área, o design, relaciona-se muito de perto com a arte. A ideia do resumo visual, que agora ele faz no Fronteiras, veio à tona a partir de um objeto que sempre o acompanhou:
— Eu descobri essa habilidade com o meu caderno. Eu tenho um caderno a cada três meses, onde eu vou anotando tudo. Se estou em uma reunião, vou botando o nome das pessoas, para tentar decorar, sempre fazendo um rascunho. Por exemplo, eu tenho que comprar amoxicilina para a minha filha. Eu desenho a amoxicilina para gravar na cabeça. Isso me ajuda muito. Então, me dei conta que podia não deixar só no caderno, mas mostrar para as pessoas.
Ao final de cada uma das palestras na Catedral, o designer é chamado ao palco, junto aos debatedores, para mostrar o trabalho. Ele está nesta função há quase uma década e diz que o Festival Fronteiras é o seu evento favorito, pela relação com os palestrantes.
— É um prazer estar fazendo este trabalho com o Carpinejar aqui. iro muito ele, por estar presente na minha história. Quando o meu pai foi hospitalizado, comprei o livro dele, o Depois É Nunca, esperando meu pai sair do hospital. Só que isso nunca aconteceu. Mas, ao mesmo tempo, o meu filho estava nascendo. E o livro é mega emocionante, se relacionou com o momento, mas não consegui terminar de ler até hoje. Me marcou — diz Stefan.
O Festival Fronteiras tem apresentação do governo do Estado do RS; patrocínio master de Icatu Seguros, Banrisul e Corsan; patrocínio de Unisinos, Unimed, Banco Topázio, Sicredi, Sulgás, CMPC, Grupo Zaffari, Caixa Econômica Federal e Governo Federal. Apoio institucional do Tribunal de Justiça do Estado. Parceria com Associação do Ministério Público, Assembleia Legislativa do RS e prefeitura de Porto Alegre. A realização é da Delos Bureau, uma empresa do Grupo DC Set, e a promoção é do Grupo RBS.